O Pacote de US$ 6 Trilhões de Biden Alcançará os Resultados Almejados?

Arte do autor sobre a foto de Jon Sullivan (CC0)

Saudações a todos, hoje em Junho de 2021, vamos refletir sobre o pacote de investimentos em infraestrutura anunciado pelo atual presidente dos EUA.

Este pacote alcançará os resultados almejados?

Logicamente, não temos como dar uma resposta exata, mas podemos analisar o que alguns dos mais importantes atores mundiais estão fazendo desde os últimos anos até agora: em especial EUA e China; e com base em algumas passagens históricas bem documentadas, imaginar o que acontecerá no futuro: fazer especulações educadas.

Sendo um exercício de ‘futurologia’, não serve nem se destina a influenciar ou balizar quem quer ou o que quer que seja; também não objetiva fazer propaganda ou denegrir quem ou o quer que seja. O objetivo é ‘apenas’ imaginar o que acontecerá no futuro; demonstrar com exemplos que a prosperidade não tem nacionalidade, raça, nem qualquer outro tipo de classificação que nós desejemos; sem fazer juízo de valor nem analisar danos colaterais que eventualmente ocorram conforme as sociedades citadas evoluem.

Aproveito para pedir muitos compartilhamentos e comentários; que são muito importantes para que este artigo chegue ao maior número possível de pessoas e assim ter algum efeito positivo, objetivando despertar o espírito crítico no maior número possível de pessoas.

Então vamos lá, o pacote de investimento surtirá os efeitos desejados? Em primeiro lugar, temos que fazer duas ressalvas:

1. É um grande passo à frente estratégico: já que enfrenta uma parte importante dos problemas estruturais dos EUA, algo muito mais inteligente do que as políticas anteriores que tentaram apagar o fogo do desequilíbrio na balança comercial jogando mais combustível na fogueira ao impor sanções a China, o maior parceiro comercial daquela nação.
2. Pode ser o início do fim da maior economia global tal como a conhecemos hoje, já que aumenta artificialmente o já deficitário orçamento anual norte-americano em 9% segundo li na imprensa, inundando o mercado com uma quantidade de moeda sem lastro sem precedentes na história!

Para não estender demais o artigo em questões secundárias como déficit público, hiper inflação, etc., já cobertas com brilhantismo em outros artigos, figuras repetidas nas imprensa ao longo das décadas, vamos supor que a segunda ressalva feita acima se deu por excesso de cautela: a partir daqui, as nossas considerações, mesmo com esse aumento gigantesco da base monetária nos EUA, são que não houve aumento indesejado da inflação, o dólar sofreu apenas a desvalorização necessária para favorecer as exportações ianques, os demais países continuaram utilizando a moeda norte-americana nas trocas internacionais, eles continuam como a maior economia do mundo por um bom tempo como vários estudos apontam, etc., ok?

Mas e aí? Mesmo que a economia norte-americana continue sendo a locomotiva mundial nos próximos anos, dará certo?

Segundo o pouco que estudei a respeito das duas principais sociedades que erroneamente se colocam ou foram colocadas em oposição ou em uma disputa política, econômica e cultural pela supremacia global: terá efeitos positivos a curto prazo para os norte-americanos mas dificilmente serão suficientes sozinhas para superar, equiparar ou mesmo frear o desenvolvimento da China, que continuará a marchar para ser a maior economia global a longo prazo; mais uma vez como demonstram diversos especialistas.

Mas como podemos embasar as nossas conclusões especulativas?

Quanto você investe maciçamente para recuperar ‘terreno perdido’ sempre custa mais caro do que investir desde o início do processo, e, queimando etapas, nem sempre obtém o domínio sobre todos os processos e/ou tecnologias desenvolvidas para se chegar naquele determinado resultado.

Além disso, quem já detém aquela tecnologia, atualmente está investindo em sua evolução e/ou em outras mais avançadas. Enquanto os EUA lutam para implementar as suas próprias tecnologias no padrão 5G da telefonia móvel, esta tecnologia já está amplamente dominada na ásia faz algum tempo, os Sul-coreanos já estão testando o seu 6G; os chineses não devem estar muito atrás nessa importante alavanca de desenvolvimento.

Neste processo acelerado de recuperação, também ficam para trás o desenvolvimento humano direto e indireto: a vivência! O aprendizado obtido durante o desenvolvimento extensivo, tecnologias secundárias e os fracassos: tudo isso tende a ‘calibrar’ os atores nesses processos tecnológicos para desenvolverem grandes avanços com cada vez mais eficácia, gerar novas descobertas: tudo isso, tende a ser tão ou mais importante economicamente do que as tecnologias que são alvo dos investimentos dos EUA no momento.

Temos diversos exemplos como o do mercado esportivo: quanto custa ‘formar’ um ‘craque’ da bola e quanto custa contratar um grande jogador? Logicamente o clube que investe na ‘base’ é obrigado a fazê-lo no início da carreira de diversos atletas com antecedência de vários anos para que alguns poucos alcancem o estrelato, mas, vendo os valores astronômicos das negociações de grandes jogadores na imprensa, sabemos que a primeira alternativa é sempre mais interessante financeiramente a longo prazo especialmente em esportes coletivos: lembrando que o processo de formação dos jogadores envolvem o desenvolvimento de diversos outros profissionais que trabalham direta e indiretamente com os atletas, posteriormente fomenta a formação de mais atletas, técnicos, auxiliares de alto nível, etc., para entrar no lugar dos que são negociados e por aí vai.

Então, o pacote é positivo a curto prazo, mas tende a falhar a longo prazo porque?

Porque conforme foi citado, para cada profissional contratado ou tecnologia comprada pelos EUA, os que já estavam desenvolvendo essas tecnologias, em suas empresas ou países de origem existem outros ‘dez’ cientistas e profissionais capazes de fazer o trabalho do profissional que saiu para engrossar as fileiras ianques.

Precisamos ter sempre em mente que a economia chinesa funciona de forma diferente dos seus pares ocidentais, o governo central comanda as decisões estratégicas: independente do juízo de valor que façamos, eles não visam o sucesso a curto prazo como a maioria dos governantes eleitos que estão sempre interessados em manipular os destinos dos cidadãos de acordo com os interesses dos seus apoiadores, em vencer as próximas eleições e/ou dos executivos que precisam ‘seduzir’ investidores e impressionar acionistas; recompensando-os com valorizações e dividendos extraordinários no próximo balanço trimestral.

Então, a não ser em condições ‘especiais’, o que não consideramos aqui, os EUA não podem simplesmente recrutar os melhores cientistas ou comprar as empresas chinesas mais desenvolvidas tecnologicamente; como sempre fizeram no passado recente em outros países.

Dando um ‘break’ para gerar um suspense e lembrar que estamos fazendo conjecturas imaginando que não teremos nenhum evento disruptivo em grande escala que afete os países citados.

Voltando a nossa linha de raciocínio, o que acontecerá no futuro se essa tendência de altos investimentos em tecnologias de ponta se tornar frequente? Se os EUA continuarem investindo desta forma, sendo uma nação ainda muito mais poderosa que a China, em um futuro não muito distante, eles elaborarão novos pacotes que serão geometricamente maiores que o atual em termos reais e assim sucessivamente, o que dificilmente será sustentável a longo prazo: porque quem domina o processo desde a sua gênese e se organiza socialmente como os chineses tende a se desenvolver ainda mais, e ser mais assertivo com menos investimentos.

Por que isso acontece? Essencialmente, porque o modelo chinês de sociedade, mesmo com diversas mazelas, ninguém e nenhuma sociedade é perfeita, funciona estrategicamente como uma única entidade, conforme eu já comentei, com estratégias de desenvolvimento tecnológico de longo prazo, investindo maciçamente na educação básica que como todo o restante da sociedade é gamificada, selecionando ‘automaticamente’ os melhores alunos para escolas especializadas, e por fim, cidadãos para diversos perfis de atividades. 

Conforme eles replicam este modelo no restante da sua sociedade, selecionando ‘automaticamente’ os melhores dirigentes públicos, as melhores empresas, os melhores processos, etc.: tudo isso nos leva a crer que a sociedade chinesa, livre das expectativas de curto prazo tipicamente ocidentais e baseada na sua cultura multimilenar, tende a ser mais próspera no futuro do que a norte-americana.

Os chineses, como não detém a 'máquina de fabricar ouro verde’, pois o dólar sendo a moeda utilizada para trocas internacionais, exerce a mesma função que o ouro exercia não muito tempo atrás; perceberam que têm apenas uma chance de fazer frente ao desafio de tirar a maioria esmagadora da sua gigantesca população da miséria fomérica: romper o isolamento auto imposto em relação ao resto do mundo, formando uma sociedade mais unida que os demais países através da gamificação e interligação digital: cuja base é a educação universal de alta qualidade.

Embora todas as sociedades de uma forma ou de outra sejam mais ou menos gamificadas, o modelo chinês dificilmente será replicado no ocidente. Ao invés de investir em propaganda, promessas vazias e em muitos casos, em estelionatos eleitorais como nós brasileiros estamos cansados de vivenciar: por lá, só os mais competentes, os que apresentaram resultados e somaram mais pontos sobreviverão ao processo seletivo para alcançar os postos mais altos nas esferas públicas. O que não é novidade do ponto de vista histórico: nós temos referências positivas que corroboram este modelo como um dos mais prósperos: durante as várias centenas de anos que durou o Império Romano, todas as sucessões que foram feitas por mérito, onde o Imperador ‘adotava’ o melhor e mais apto servidor público para sucedê lo no poder: o império prosperou. Por outro lado, todas as vezes que a sucessão se deu por hereditariedade, o império foi varrido por muitas turbulências e crises.

Mas você pode estar se perguntando, um procedimento utilizado a dois milênios, mesmo sendo comprovado por várias centenas de anos, daria certo atualmente em sociedades muito mais complexas e sofisticadas? Sim, se a interligação e a gamificação forem bem feitas: este procedimento filtra automaticamente, utilizando diversos tipos de pontos diferentes que delineiam um perfil do que quer que se deseje selecionar: destaca os piores casos a serem devidamente tratados e promove os melhores para ajudar a melhorar o restante.

O ocidente conseguirá competir com tamanha rede que unida por objetivos nacionais únicos seleciona 'automaticamente' o mais apto? Provavelmente não porque e conforme o tempo passa e os norte-americanos se digladiam através dos seus dois maiores partidos políticos, os chineses avançam ainda mais pela força do mérito.

Que pena EUA, a China está cada vez mais bem preparada para se tornar a locomotiva econômica mundial em um futuro não muito distante.

Eu mencionei no início mas neste caso eu julgo necessário repetir: alguns podem precipitadamente imaginar que eu tenho algum interesse, que eu quero fazer a propaganda de alguma ideologia, que alguém ou alguma instituição patrocinou e/ou influenciou este artigo: podem ficar tranquilos, nada disso procede. Mesmo tendo muito mais a receber sabe-se lá quando, do que a pagar, as minhas finanças estão mega complicadas, o que jamais aconteceria com um ‘influencer’ ou lobista. O que eu intenciono fazer é estabelecer algumas premissas e fazer conjecturas baseado em experiências históricas bem conhecidas de todos.

Se alguma passagem aqui escrita por acaso lhe causar desconforto por qualquer motivo que seja, por favor mencione-a nos comentários que eu vou fazer o meu melhor para esclarecer e eventualmente reescrever, conforme necessário.

Já que falamos em finanças complicadas, eu preciso fazer o meu comercial: fechar este artigo me colocando à disposição para elaborar mais os temas aqui expostos para entidades e empresas que se interessem em financiar esforços complementares: tanto nos assuntos comentados como em como utilizar esses conhecimentos para melhorar o desempenho sustentável das suas próprias organizações, das cadeias produtivas onde atuam, etc.

Que tal alguém patrocinar com o valor que ache justo um artigo com o tema: Como o Ocidente pode rivalizar com a expansão econômica do Oriente?!?! Os EUA conseguirão 'virar' o rumo das batalhas econômicas contra a China? Estratégias para os EUA se manterem como a maior economia do mundo por várias décadas! Muito dramático? Então, sugira outro tema. Estou à disposição!

É isso pessoal, já comentou? Já compartilhou? Espero que sim! Nos falamos nos comentários e no próximo artigo! Até lá!